segunda-feira, 23 de maio de 2011

Tem gente que até se diverte!

Os exercícios aeróbicos são importantes para a saúde e a estética. O músculo cardíaco ganha eficiência, o sangue circula com mais facilidade por todo o organismo, a pressão arterial mantém-se em níveis satisfatórios, as veias e artérias livram-se do acúmulo de gordura, as taxas de HDL (o bom colesterol) aumentam e as células adiposas murcham conferindo ao corpo uma silhueta mais alinhada. Estaria tudo bem não fosse um detalhe: as atividades aeróbicas costumam ser extremamente enfadonhas. Tanto que, nos últimos cinco anos, elas perderam espaço para as modalidades de wellness (bem-estar, em inglês). A saber, ioga, alongamento e todas as outras modalidades que dão ênfase ao relaxamento e à saúde da mente. Calcula-se que essa ginástica "papo cabeça" tenha roubado cerca de 20% dos alunos das aulas barulhentas e saltitantes de aeróbica.
  A queda no número de praticantes fez com que as academias se dedicassem a criar modalidades mais divertidas. Duas das invenções de maior sucesso para o verão 2003/2004 são a retro class e o camp training. Na primeira, os alunos se exercitam com jogos de rua infantis, como amarelinha, corda, pega-pega e cabo-de-guerra. Na segunda, simulam fazer parte de um treinamento militar. Rastejam pelo chão como se cruzassem um campo minado, escalam paredes e tentam escapar do ataque de um hipotético exército inimigo. As novas aulas são a face mais visível da luta das academias para segurar os alunos nas atividades aeróbicas. Há, no entanto, outra frente de conquista – esta, bem mais discreta. Não se trata de conferir aos exercícios de sempre uma roupagem diferente, mas de ministrá-los com uma técnica até então restrita aos atletas profissionais. É o treinamento intervalado. Desenvolvido na Suécia, na década de 30, o método alterna picos de esforço pesado com outros de intensidade mais leve. Adaptado para a ginástica de academia, o treinamento intervalado estimula a pessoa a não desistir de fazer esteira, por exemplo, e a cumprir a meia hora mínima de atividade aeróbica – o tempo necessário para que o exercício reverta em benefícios cardiovasculares e queime gordura. A vantagem do treinamento intervalado é que ele pode ser usado em todas as aulas de aeróbica: bicicleta, natação, circuito, entre outras.
  O treinamento aeróbico exige muito rigor para surtir os resultados desejados. Engana-se quem imagina que basta sair por aí em desabalada carreira até ficar com a sensação de que o coração está prestes a sair pela boca. O bom treino é altamente técnico, repleto de especificidades. Primeiro, para que ele seja efetivo, deve-se trabalhar dentro de uma faixa de segurança. O melhor indicador de até onde o organismo pode chegar é dado pelo ritmo dos batimentos cardíacos mínimos e máximos, que varia de pessoa para pessoa, conforme a idade de cada uma. Exercitar-se abaixo da freqüência cardíaca mínima não traz benefício algum. Acima, sobrecarrega o coração. O intervalo entre a freqüência cardíaca máxima e a mínima pode ser dividido em duas partes. Trabalhar numa delas traz mais benefícios cardiovasculares. Em outra, prioriza-se a queima de gordura.   
Descobriu-se não faz muito tempo que dois benefícios antes atribuídos exclusivamente à aeróbica também podem ser conseguidos com musculação. Puxar ferro protege o coração e ajuda a emagrecer. Isso mesmo. Com o enrijecimento da musculatura da perna, o retorno do sangue ao coração é mais eficiente. E até uma hora depois do treinamento com peso o organismo continua a queimar calorias. É uma boa notícia, claro. Mas os que detestam suar a camiseta em atividades aeróbicas não podem usar as descobertas da medicina do esporte como desculpa para abandonar o treinamento específico. Ele continua imprescindível – por, no mínimo, meia hora diária, cinco vezes por semana.

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