Em 1996, o ginecologista brasileiro Elsimar Coutinho lançou o
polêmico livro Menstruação, a Sangria Inútil. Na obra, o médico indicava
os benefícios de se interromper o ciclo menstrual especialmente para mulheres
que sofriam de TPM intensa, cólicas, endometriose, entre outros problemas. A
partir daí, surgiram muitas discussões entre médicos partidários das ideias de
Elsimar e aqueles que não concordavam com a proposta.
Menstruar ou não menstruar, eis a questão
Mesmo com estudos que afirmam não haver nenhum problema em
cortar o ciclo, a dúvida ainda paira na cabeça da ala feminina. Segundo o Dr.
Rogério Bonassi, ginecologista e presidente da Comissão Nacional Especializada
em Anticoncepção da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia (Febrasgo), não há nenhum estudo que comprove os benefícios de se
menstruar. Já as vantagens de interromper o sangramento são muitas. "Se a
mulher tem sintomas negativos relacionados à menstruação, o aconselhamento é
que ela use métodos para parar o sangramento, mas se ela convive bem com o
ciclo, não há o porquê interromper", explica.
Bonassi conta que a pílula surgiu nos anos 1960 na Espanha com a
intenção de ser um contraceptivo e que já tinha a função de interromper o
sangramento. "Na época, foi uma estratégia de marketing lançar o
medicamento com uma pausa de sete dias. Imagina a desconfiança que seria um
remédio que evita a gravidez e ainda interrompe a menstruação? No entanto, o
que as pessoas acham ser o período menstrual quando há a pausa do
contraceptivo, é apenas uma indução ao sangramento."
Como interromper
Quem se interessa em bloquear o sangramento mensal pode escolher
entre algumas opções ¿ todas hormonais. O Dr. Rogério Leão, do corpo clínico do
IPGO e médico-assistente da Unicamp, explica que há diferentes opções, mas que
nenhuma garante a diminuição do fluxo sanguíneo em 100%. "Há as pílulas
contínuas, mais comuns, que combinam progesterona e estrogênio, o DIU com
hormônio, as pílulas apenas com progesterona e a injeção, mas em todos os
métodos pode ocorrer o spotting", explica.
Spotting é como os médicos chamam o sangramento de escape, que
varia entre 30% a 70% de chance de acordo com o medicamento.
Mitos da pausa
Há quem acredite que pausar a menstruação pode trazer consequências
a saúde. Mas os dois médicos afirmam que não existe nenhuma doença relacionada
ao rompimento do ciclo, pelo contrário, há estudos que comprovam que as chances
de se ter um câncer de ovário ou de endométrio são reduzidas quando o
sangramento cessa.
Outro mito desmascarado pelo Dr. Bonassi é em relação à
diminuição das chances de engravidar: "Quando se para de tomar o
contraceptivo que bloqueia a menstruação, as chances dela engravidar são as
mesmas. Essa taxa só muda de acordo com a idade". Se você acha que não
menstruar pode atrasar a menopausa, esqueça. "A menopausa é genética e há
um número exato de folículos (óvulos) para cada mulher. Mesmo que ela não
menstrue, eles estão 'morrendo'".
O único alerta que ambos os especialistas dão é para as mulheres
não serem radicais e acharem que a melhor saída é sempre interromper o ciclo
menstrual. Se você convive bem com ele, não há motivos para tomar essa decisão,
caso tenha problemas como os citados acima, converse com o seu ginecologista
veja o que é melhor para você.
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